Novo comportamento de consumo, sentimentos e expectativas da população brasileira traçam hábitos que vieram para ficar. Estudo revela consumidores menos confiantes e mais pragmáticos
A partir do novo comportamento de consumo da população, identificado durante a pandemia provocada pelo Covid-19, indústria e varejo enfrentam novos desafios. Pensando em conseguir clarificar alguns pontos do chamado “Novo Normal”, a Mind Shopper realizou um estudo sobre a jornada de compra dos brasileiros em tempos de coronavírus.
Os dados revelam não só o que mudou no comportamento do shopper em si, mas também como é que as emoções estão pairando no ar e como impactam a trajetória e a jornada de compras. Além disso, foi feita uma curadoria digital para poder conectar as informações apuradas nas entrevistas em profundidade junto com os fatos, ver na prática o que realmente está acontecendo.
A sócia-diretora da Mind Shopper, Alessandra Lima, diz que a pesquisa está baseada em uma série de entrevistas com pessoas de diferentes perfis. “O objetivo principal era ter essa visão diversificada.
O cenário incerto e o impacto econômico passam a ter um peso importante, o que faz com que os consumidores adotem novos hábitos, sentimentos e emoções. No início da pandemia, o medo era predominante, mas hoje temos: insegurança, tristeza, preocupação. “Há 11 meses, 43% das pessoas declararam que estavam confiantes com o que vinha pela frente, agora, mais recentemente, as pessoas se declaram muito mais preocupadas do que confiantes. São sentimentos que acabam sendo determinantes para a decisão de compra”, pontua Alessandra.
A pesquisa tem seis grandes insights, que conectam informação e ação, para que o mercado continue desenvolvendo seus negócios:
1. Na loja física – rapidez, pouca interação e segurança: o maior medo é pegar Covid-19, por isso, se antes comprar era prazeroso, agora se tornou uma atividade tensa, quase um transtorno. As pessoas passaram a se planejar para ir às compras. Algo que não era feito antes. Iam com mais frequência, compravam muito mais por impulso, tinham essa liberdade de estar no ponto de venda (PDV). Agora não. Compram tudo o que é necessário, para evitar sair de casa novamente e ir ao supermercado somente quando necessário.
2. Digital = alternativa à loja física: quando entra no ambiente digital, o shopper também busca uma compra fácil e nem sempre é o que acontece. Para os novos consumidores digitais, é preciso encontrar uma forma de educá-los, o ambiente digital não é familiar, muitos se sentem perdidos e acabam delegando a função para outros membros da família.
3. Loja segura: não tem como não ser. É importante que as lojas comuniquem os esforços de segurança, muita gente não sabe o que o PDV está fazendo. Antes do consumidor entrar, é essencial construir essa confiança, em relação à segurança, limpeza, manutenção e também informar o que ele vai encontrar lá dentro.
4. Execução e estímulos visuais: a filosofia é fazer o básico benfeito, ao invés de pensar em uma série de soluções super complexas que sejam difíceis de escalar e colocar em todas as lojas.
5. Navegabilidade e comparações: no ambiente online, a forma como o shopper vai navegar para comparar os produtos é essencial. Classificação, segmentação e descrição dos itens são pontos imprescindíveis.
6. O que vem depois de hoje: há uma forte tendência para saudabilidade. As pessoas passaram a preparar refeições em casa. O home-office faz com que os shoppers deixem de frequentar grande centros e passem a consumir mais em mercados e farmácias de vizinhança. Antes de comprar, agora há um questionamento se de fato é prioridade. A população passou a rever a ordem das coisas, o que faz diferença, o que é ou não essencial.